Causo 4: A mula sem cabeça

 Uma vez, meu avô me contou que ele já tinha visto uma mula sem cabeça e que já tinha montado em uma.

Ele contou que vinha caminhando em uma estrada muito escura e cheia de mato. Meu avô não era daqueles homens muito corajosos, não podia ouvir um chiado que já estava tremendo.

Neste dia, ele ia andando na estrada com tanto medo que avistou uma casa não muito bonita, e ele disse: - Se não tem tu, vai tu mesmo. – E foi pedir para a dona da casa para que passasse uma noite na casa dela.

 Era uma mulher muito bonita, de olhos verdes, cabelos loiros e meu avô a achando que iria prosear muito com a loira, caiu do jegue, ou no caso dele, da mula!

Deu meia-noite, meu avô tentando dar uma de esperto saiu do quarto e foi para o quarto da loira. Nem bateu na porta e foi logo entrando. Tomou um susto tão grande, mas tão grande que o cabelo dele de preto ficou branco. Viu que a cama da moça era feita de capim e estava cheia de pêlos de cavalo.

Vovô voltou para trás, de modo que até os sapatos esqueceu. Pegou somente o chapéu e saiu correndo pelo quintal da mulher. Na hora que ele pulou a cerca, viu um animal parecido com um jegue. Meu avô falou: “Home é tu mermo!” Pulou em cima da mula que o perguntou: - Para onde você vai? - Vovô tirou um pulo que saiu catando cavaco, quase caindo. Correu tanto que nem bala o pegava.

Olhou para trás e disse: - Mais nunca vou procurar chifre em cabeça de cavalo ou de mula.

Anderson Santos e Lícia Passos - EJA IV